sexta-feira, 28 de março de 2008

O defensor do idioma.
















Engenheiro químico da Petrobras, o itaguaiense José Maria Câmara de Brito decidiu desencadear uma cruzada em favor da Língua Portuguesa. O alvo de sua preocupação é o que ele aponta como equivocado aportuguesamento de vocábulos como mussarela, show, révellion, shorts, diesel e shopping, que, segundo defende em panfletos distribuídos na cidade, devem ser grafados respectivamente como muçarela, xou, reveiom, xortes, dísel e xópingue. Sua campanha não poupa nem mesmo nomes próprios como Petrobras, Xerox, Taií, Sheila e Shirley, que ele redige como Petrobrás, Xérox, Taii, Xeila e Xírlei.

O conhecimento, que inicialmente José Maria utilizou no seu dia a dia, mesmo diante da estranheza de colegas de trabalho, por exemplo, ele agora quer tornar público, numa estratégia em que já vislumbra um negócio.
A inclinação do engenheiro à correta grafia do idioma foi forjada no Curso de Especialização em Gramática Contemporânea, que freqüentou na Universidade de São Paulo (USP). “Eu não idealizei nada disso. O que falo tem respaldo na lei que aprova o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que por sua vez tem como base a Academia de Ciências de Lisboa”, diz José Maria. Ele aponta violação das normas gramaticais também nas grafias Tele Sena, Mega Sena, psico-social e sócio-econômico, que devem ser escritas juntas, com a duplicação da letra “s” no caso das três primeiras. Decidido a levar a campanha ao extremo, ele promete recorrer à Justiça para obrigar empresas como a Petrobras, o Banco Itaú e a Caixa Econômica a grafar corretamente os termos que utilizam em peças publicitárias. No caso da empresa em que trabalha ele condena a supressão do acento agudo na letra “a”.
Convertido em defensor do idioma pátrio, José Maria critica o ensino e condena a imprensa pela popularização de vocábulos erroneamente grafados. “A escola não ensina mais. A abrangência é superficial. A mídia dita o que se escreve e o povo pronuncia as palavras pelo que ouve”, argumenta José Maria, citando como clássicos os casos da bebida Ades, que, como oxítona terminada em “es” exige acento; e o da loja itaguaiense Sakurá, cuja pronúncia é comumente confundida com a forma Sakúra, apesar da acentuação. Em sua cruzada em favor da Língua Portuguesa, José Maria organizou até um folder sobre acentuação gráfica. Numa estratégia para aliar alguma vantagem à lida educacional ele pretende comercializar a publicação em escolas e cursos.

Fonte: Jornal Atual, dia 02/02/2007.


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